domingo, 4 de julho de 2010

Velocidade da luz

Vou a correr, tão rápido, tão rápido para que não se feche.A luz vai recuando deixando tudo par trás numa penumbra asfixiante e os ponteiros do relógio, ansiosos, apressam-se com o medo, o ambiente altera-se e sente-se no ar algum constrangimento, já nada era certo naquele lugar, mas eu, continuava a correr. Corria com todas as minhas forças ignorando tudo e todos, acreditando que iria impedir o que estava prestes a acontecer.
Vinham à minha mente as memórias daquela noite, estava incrédula, como é que eu-me tinha deixado enganar com tanta facilidade? O semicírculo de luz ia-se fechando e com ele, todas as minhas certezas. Todas as minhas esperanças eram varridas dali para fora, e aí eu sobe, sobe que a esperança, não era realmente, a última a morrer.
Era a minha força de vontade, porque eu continuava ali, a correr, para alcançar o meu objectivo.
A luz continuava a recuar e crescendo na sua escuridão abandonou um corpo de menina, transformando-se numa mulher, forte e impenetrável. Devo admitir que me intimidou tal transformação, mas nada daquilo foi suficiente para me fazer parar e eu continuei a correr.
As minhas pernas tremiam violentamente e a força começava a faltar, várias lágrimas escapavam agora dos meus olhos e a noite, tornou-se uma certeza, toda sala permanecia agora na escuridão e encontrar uma saída não seria de todo, fácil.
Parei, sentei-me e respirei, aquele era o fim, não sabendo exactamente o que seria o fim, supôs, naquele momento, que se houvesse um, seria assim, igual aquele, teria de ser. Apercebendo-me de que tudo havia parado, concentrei-me em toda aquela escuridão, relembrando toda a sua transformação, todo aquele processo de intensificação brutal e foi então que, com as ultimas forças que me restavam, agarrei naquele manto escuro e puxei, varrendo para longe toda a escuridão, deixando a descoberto uma luz incandescente, que não só me feriu a mim, como ao tempo e ao espaço, mais rápido do que eu alguma vez correra.

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