sexta-feira, 15 de junho de 2012

Give me truth




I'll paraphrase Thoreau here... Rather than love, than money, than faith, than fame, than fairness, give me truth.” 
                                          Christopher McCandless


O presente trabalho representa a verdade interior de cada individuo, e neste caso específico, a da personagem principal do filme.
É representado o fio da vida, com arame, através do qual transparece a sua estrutura interna. Desta maneira, nada se esconde neste trabalho, toda a estrutura, todos os materiais, são puros e verdadeiros. E porque é que eu não pintei essa mesma estrutura? Porque o objetivo deste trabalho, não é obter um resultado esteticamente agradável, mas sim representar uma verdade fiel que não é bonita, nem feia. É o que é.
Neste trabalho, a verdade foi entendida como um equilíbrio interno, uma essência que nos distingue a todos uns dos outros. É tida como o ato de agir em conformidade com aquilo que nós somos. Há uma ligação direta entre o cérebro e o coração, que quando se completa, ilumina-se. Encontra-se a verdade.
A escultura encontra-se numa posição de alguém que está a tentar agarrar alguma coisa, alguém cujo esforço físico, pode não ser suficiente para atingir o seu objetivo, alguém que não vai abdicar da sua verdade, mesmo que isso signifique a morte. 





sábado, 24 de dezembro de 2011

Sóis e Luas

"Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e assim, Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem baptizada estava, que o baptismo foi de padre, não alcunha de qualquer um. Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais."

Memorial do Convento, José Saramago

sábado, 3 de dezembro de 2011

Madeira




Representação do traje regional madeirense

Tentei recriar a captação do movimentação do bailinho a nível de dança, ou seja, em vez de desenhar um boneco a dançar, optei por apresentar só o movimento porque julgo que é aquilo que nos difere. O movimento e o traje. Dentro disso, centrei-me no facto de essas danças serem geralmente dançadas em círculos. Então aproveitei o facto de a saia do traje regional, segundo uma vista de cima, ser um objecto circular. Consegui dessa maneira, representar o movimento na saia em si. Depois relativamente às cores foram representadas a sair e a entrar do tal circulo em representação da liberdade das nossas danças e da expressão corporal, que jamais, será inscrita num círculo. Isto pode ainda ser visto como uma flor, ou um sol, elementos característicos da região.

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"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que tem saudade... sei lá de quê!"

Florbela Espanca

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aos Reis do Mundo (para que saibam a quem me refiro)

Quando somos crianças somos movidos por um desejo infindável de crescer. Queremos sempre mais, queremos ser mais altos, mais fortes, mais rápidos, queremos ser como os “grandes”, queremos poder conduzir, queremos poder chegar à prateleira mais alta da cozinha, queremos ser capazes de nos vestir sozinhos, de sermos nós a mandar naquilo que queremos comer, fazer ou o que seja. Queremos controlo total e absoluto, queremos independência.

Escusado será dizer que nenhuma criança conseguirá tal troféu por mais que o queira. A independência não é algo que se quer, ou que se compra. Por melhores que sejam as nossas intenções ela nunca virá até nós. Só existe uma maneira de a obter: Conquista.

E seria uma desgraça se conquistar tal importância fosse através da maneira como nos vestimos, falamos ou agimos em público.

Eu hoje sou criança, num pijama às riscas ou numa saia que me mostre as partes íntimas;

Eu hoje sou criança, mostrando respeito aos mais velhos, ou tratando-os como lixo. Impondo-lhes a minha superioridade, coroando-me rainha e cuspindo-lhes arrogância na cara;

Eu hoje sou criança com um cigarro de chocolate ou com um dos verdadeiros;

Eu hoje sou criança com uma garrafa de coca-cola ou com uma garrafa de vodka;

Eu hoje sou criança com um saquinho de gomas ou um de erva.

Isto para vos dizer a vós, criancinhas que lá por andarem com o rei na barriga, não significa que sejam reis de algo mais do que a vossa própria destruição. Uma queda no ridículo que manchará para sempre aquilo que vocês são, um peso que arrastar-vos-á pela lama até que não vos reste nada mais do que a própria pele. Crescer não está na quantidade de centímetros que vos ergue a cabeça, não está na forma como se apresentam ao mundo. A maturidade mede-se nas acções, na quantidade de responsabilidade e respeito que vocês conseguem usar para carregar a tal cabeça.

Deixar para trás de forma radical tudo o que vos pareça infantil não fará de vós mais adultos, mas sim crianças infelizes. Afinal de contas, quem é que não gosta de andar de baloiço ou receber um abraço dos pais quando algo corre mal? Quem é que não gosta de arranjar um bom disfarce no carnaval, ou receber algo mais do que dinheiro no natal?

E depois se me forem dizer que de qualquer das maneiras nunca receberam nada do que eu mencionei acima, posso também dizer-vos que a parte mais importante de ser criança são os descobrimentos, a aventura de perceber por ti próprio o que é esta coisa que os adultos chamam de vida. Aprender, essencialmente, aprender. Ninguém aprende tudo sozinho e é aí que vão precisar de todos aqueles que andam a ridicularizar, os que percebem mais desta merda toda do que vocês todos juntos nesse vosso disfarce de pessoa muito fixe que não se importa com nada mais do que o cigarro ou a roupa bonita.

Estão a crescer, querem crescer? Então cresçam, mas respeitem, e saibam dar valor às pequenas coisas que vêm e estão pelo caminho. Cada momento é único e irreproduzível, se não estiverem atentos eles passam-vos por entre os dedos como água, vão pelo rio abaixo e ao contrário da chuva, não voltam mais.

Vamos ser todos crianças enquanto é tempo de o ser, vamos fazer porcaria, vamos arriscar, vamos criar, vamos sonhar. Agora! Porque se é como os adultos dizem e realmente há uma idade para tudo, não somos ninguém para estar a pular etapas. E um dia, quando for tarde de mais e olharem para trás, tudo o que vos vai restar será um vago “quem me dera ser criança outra vez” e adivinhem só… Não vai acontecer. Nunca mais.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Prà frente?



Este é o novo cartaz da campanha do titio Jardim (estão espalhados por todo o lado). Reparemos com atenção...

O estúpido slogan que se arranjou " prà frente sempre, madeira sempre"
Primeira pergunta: MAS QUE MERDA É ESTA MEU DEUS?!
Segunda pergunta: Existem designers de jeito nesta ilha?
Terceira pergunta: Porquê prà e não prá?

Mas passando à frente a falta de integridade (pés, cabeça, tronco, membros, inteligência, cultura, senso comum, epá dentes?) deste slogan, vamos à parte da ironia desta mensagem... É que a gente não vai para a frente.. VAMOS É PARA O FUNDO COM OS BURACOS!!! Desculpem lá a minha escrita rude em relação a este assunto, mas é que uma coisa é esta gente ser ignorante e incompetente por trás, mas pela frente? Porque é que alguém haveria de votar numa coisa destas?

A conclusão a que eu cheguei é que a culpa não é do governo madeirense, é da ortografia portuguesa, e é porquê? Ora então o acento revoltou-se sozinho e decidiu indicar a verdade aos madeirenses por conta própria... A gente só vai para trás ` com este governo de merda.

De cima para cima

Este verão andei a fugir de mim. (Reparem que escrevi verão e não Verão como mandam os meus princípios, parece que estou a entrar no acordo dos brazucas) Acho que decidi que seria mais fácil se eu trocasse Philip Glass por Pitbull, escrever por Gossip Girl e escalada por unhas fantasticamente arranjadas e coloridas. Já não praticava escalada desde o fim de Julho. Habituei-me à ideia de estar em chão firme. Não vou dizer que não tive saudades porque é mentira, mas acho que me tinha acostumado à ideia de uma vida sem subir paredes, longe de prazeres muito acima dos fúteis.

Tive medo de perder o meu caminho caso algum corvo comesse as migalhas de pão que eu andei a deixar pelo caminho como na história do Hansel e Gretel. Acontece que nem precisei de as procurar, só precisava de uma parede, fosse ela qual fosse, uma que eu pudesse trepar, uma que me mudasse a perspectiva. Porque de cima, é sempre muito melhor.

E então estou aqui a escrever isto e doem-me imenso os dedos, o calor do PC faz arder a minha pele e as minhas unhas, bem… Nem sei se as posso chamar de unhas neste momento.

Nada disso importa, porque hoje eu escalei. Subi, desci, cai, voltei a subir e a cair mas cheguei ao topo. É no topo que se pára porque melhor perspectiva que a que ele nos oferece, não há. De volta à terra e com as ideias refrescadas, posso afirmar que para mim escalar não é um desporto, é um meio de purificação, um estilo de vida, o meu estilo de vida.

Isto pode parecer tudo um grande cliché e um monte de tretas, mas alguém que nutra o mesmo sentimento por escalar, compreenderá certamente a que me refiro. Quando se escala, não estamos só a trabalhar o físico, estamos em equilíbrio com o nosso interior. Enfrentamos medos, quedas, aprendemos a superá-los. Aprendemos que o que está dentro é mais importante do que o que está por fora, sentimos a fusão das nossas emoções com aquilo que fazemos e a responsabilidade que um movimento errado pode ter. Em escalada confias a tua vida a alguém, aprendes a confiar, a confirmar e a saber apreciar isso, em escaladas cuidas da vida dos outros e sentes o peso de ser responsável pelo respirar de outro. Escalada não é como no futebol em que um movimento errado vale um “bater com o rabo no chão” em escalada cais e se não souberes o que fazes, em casos extremos, pode ser a última vez que sobes o que quer que seja. Escalada é pura emoção, é sentir e ouvir o teu corpo, é evolução. Escalada é vida.


E a maior e mais importante lição: Para cima é que é o caminho, sempre.